27 outubro 2006

À desfilada / Indigoterie

Si les émotions la comblent, si elle devient pensive et pourtant pas sereine; si les battements de coeur subissent l'involontaire violence des hurlements déchirants d'un pauvre fou; si elle est, en quelque sorte, surplombée* par tout un monde qui la secoue malgré elle, alors c'est que ce monstre que l'on appelle assez souvent "L'Amour" - qui a choisi sa poitrine pour s'anicher, pour y faire son nid, pour lui provoquer, dorénavant la bave et la plume, la peur et la paix, la déchirante douleur du plaisir à plus jamais - qui la dévore sens dessus dessous et l'affolle, le regard vidé d'existence, les ailes d'un ange grands ouvertes. La voilá qui marche, sanglante: «C'est la dernière fois que j'aime, je le jure sur tout ce qu'il y ait de plus sacré... Je n'en peux plus supporter les plaies bleu indigo de la liberté en moi meurtrie.»
Sera-t-elle prête, déjà?... Plus jamais.

* Dédié à mon héros bien-aimé (le seul possible):
Pascal Quignard.
----------------------------
Se as emoções a cumulam, se ela se torna pensativa e, contudo, não serena; se os batimentos do coração sofrem a involuntária violência dos gritos cortantes de um pobre louco; se ela fica, de alguma forma, suspensa* por todo um mundo que a agita apesar da que ela é, então, é porque esse monstro ao qual frequentemente chamam "O Amor" - que escolheu o seu peito para se aninhar, para nele fazer o ninho, para lhe provocar, desse dia em diante a baba e a pluma, o medo e a paz, a cortante dor do prazer para sempre - que a devora no caos e a enlouquece, o olhar esvaziado de existência, as asas de um anjo estendidas. Ei-la que caminha, sangrando: «É a última vez que amo, juro-o sobre tudo o que haja de mais sagrado... É-me impossível suportar as chagas azul anil da liberdade assassinada em mim.»
Estará ela preparada, já? Nunca mais.
Dedicado ao meu muito amado herói (o único possível): Pascal Quignard.
*surplombée - desaprumada, pendendo sobre, suspensa sobre, inclinada...
ou muito + do que...