27 outubro 2006

De Mulheres e Sucubus


Por definição, talvez, aproximo da noção de Sucubus o raciocínio pouco dado a detenções no asco do acto infirme. Sei exactamente a que ponto alguns sucubus (fêmeas que parecem submeter-se mas não passam de subornantes-subornáveis) se sujeitaram para "singrar". Observei-lhes o modus operandi. Poderia fazer tese sobre. Aproximam-se de chofre, fazem as perguntas indiscretas, as supostas certas para agradar a homens com muito a lamentar e necessitando incomensuravelmente da apreciação mundana (também sei de quem lhes dará sempre com as portas no disfarce barato de mulheres-fantoche, personas crucificadas como Pedro escolheu para que o mundo real se revelasse, homens travestidos de feminae!); usam de algo convencionado pelas suas antepassadas como "simpatia" (subterfúgio que qualquer pedinte sabe utilizar se mendiga migalhas) que levarão aos limites leitosos - duplo sentido, não dúbio se a tal se lhes propõe a ambição; primam por azedumes de indisfarçada radix nos termos que postulam (também pustulam, mas apenas aos níveis cerebrais, bucais - formato-palavra - e, essencialmente almático); hoje são tidas como "boazon(d)as", na medida exactamente proporcional aos seus fétidos propósitos (o mundo faz jus à sua percentagem de arrivistas, sem numerus clausus à vista e os homens nunca banirão a prostituição que tão bem lhes serve os propósitos).
Muito escrevi sobre isto: nos blogs, em textos altamente publicáveis - isentos de inscrição em beija-mãos ou lava-pés - que não prostituo (de resto, não prostituo nada de mim).
Não sou da Metrópole, especializei-me a observá-la nos seus vícios de servilismo (mesmo sendo, nunca o admitiria: nada de estragar o controlo da experiência, a cobaia, a Grande-meretriz das belas edificações e do rio-luz mas podre na essência remontando ao reboco pré-pombalino e fértil em tão veramente abomináveis hipocrisias como o foi aqueduto ter sido pago pelo tributo do povo.)
Política: arte & manhas para viver, sobreviver na polis. Há quem não sobreviva. O granito não se molda: pode partir, mas não se molda ao que outros de si esperariam. Sei de cor os veios da pedra: já a trabalhei pelas mãos de outrem.
Só posso ver o mundo pelos olhos deste corpo, o único que tenho. Do corpo caloso sempre fiz pouco uso: prefiro os neurónios, a par com a dignidade dos moribundos saudando César. Será da base gnóstica, opção de vida de tantos antes do mesmo sangue. Íntegra, percebo o que é uma verdadeira Mulher, uma senhora, uma semi-deusa. Amo, no silêncio, o porte da Mulher-Mulher. De resto, os Sucubus, são basicamente desprovidos de caracteres sexuais femininos, suficientemente desinteressantes tanto a nível físico como intelectual. Estão muito longe da sobriedade de Yourcenar, do talento de Bessa-Luís, da seriedade discreta na grandeza de Sophia, da grande escritora do feminismo Maria Amália Vaz de Carvalho ou da digna discrição de Maria Judite de Carvalho. Sei de muitos que escondem as amplas fealdades fazendo-se reféns do mau gosto, do uso das boas-vontades de homens-saias ou da estupidez crónica. Como sabemos, o tumor da boçalidade estende-se aos corredores das academias, onde quer que um homem se babe e se venda. Calcorreio das academias os corredores: dos peripatéticos (caminham muito, procuram muito, igualmente divagam e deliram), sei tantos a quem um mero sorriso bastaria para a rendição às verdades que a mim ou outra mulher conviessem... Até o povo diria que homens fracos são, ali, o mato que grassa...

Quando quero ler sobre A Mulher, leio, entre outras, as palavras sábias desta Senhora e as desta outra Senhora ou ainda desta Senhora. A tese da "amizade" no Portugal do nanointelecto não se afasta muito do pão para a boca.
Porque um sucubus se enclavinha como a alma donjuanina na pedra e assim engoda incautos, néscios e parvus ad aeternum: resta-lhe apenas o banal do truque-barato na manga, o arrivismo, a perna-cerebral-aberta. Uma Mulher é Donna de si: resta-lhe ensinar outras, para ser mais, para na humilíssima sabedoria da deusa, fazer jus ao nome da melhor mulher de todas: a Grande Mãe. Algumas bloggers portuguesas auto-intitulam-se como o que não chamariam às mães: são - gritam-no com megafones - "gajas" (no Porto, a palavra tem que se lhe diga). No Brasil, seriam raparigas. Umas tipas não-atípicas, pitorescas, mensuráveis e comerciáveis à distância, portanto. Subprodutos de uma subespécie de que fala Proust em Sodome et Gomorrhe: flores masculinizadas, estéreis. Baças Amazonas, tribo andropófaga por auto-definição, viúvas-negras por aproximação zoológica. Apoucados pré-féretros, múmias sem paralisia nos membros que interessem no momento, confirmando as modas abortivas. Desvirtuadas da Graça, coladas à inconveniência adolescente, fazendo o culto do grotesco, assassinam diariamente bom-senso e bom-gosto. Aplaudidas nos salões dos seus iguais, nunca deixarão de ser fastidiosas, postiças Madames de Guermantes, sob as quais se ocultam Odettes, cortesãs em presunçosas cocotteries rodeadas de courreurs de poules. Finalizemos, dizendo como n'Os Maias: "Não mencionemos (mais) o excremento". Aceitemos o que se legitimiza como "necessário" a vidas de personas. É legítimo querer-se a aprovação da tribo, mesmo se antes era à mesma que se atiravam pedras. Ah, a moda do politicamente correcto e das convertidas ao sociabloguismo!...

Infelizmente, os sucubus reproduzem-se, eternizando grandes aflições à espécie humanóide. Não faltam exemplos da execrável meretriz às nossas portas, aos nossos pés, apensas aos nossos homens, aos nossos filhos: Portugal é o reino dos hipócritas.
Uma mulher não rasteja, sidera! Maniqueísta? Definitivamente, no que toca aos frutos podres da feminina-espécie, serei sempre. Mulheres a sério, sei de muitas. Gosto de contar-me entre a tribo. Quanto mais não seja, porque volto ao pó a cada novo dia e, primevamente, em honra dos meus mortos.


Sem apreensões, sigo. Não interfiro: observo, medusa. Estudo, com riso posto, o mundo-cavalo de freio nos dentes... Aprendo o que não quero ser, por força de circunstâncias que me gizaram a matriz em indelével liberdade.