Noite
Parada no vento-norte, olho as areias e as pequenas ervas que crescem em tufos macios de verde. Reparo nas flores, na compostura da jarra, no vidro lavado, no cerimonioso arranjo em brancos e verdes. Frio. Tudo ali é frio, excepto se a nortada pára entre as duas capelas que formam um vão. O sol doura, por momentos, tudo o que é cemitério. Doura-me. Reparo nas bruxuleantes chamas das velas recém-acesas. Tudo é tão frágil como aquilo que se agite num sopro. Assim é a vida.
Espero que te encontres num lugar de paz, avozinha. Obrigada por me ensinares, ainda, o despojamento de mim, de mundo, de pressas. Fiz-te esta promessa: tenho tentado manter-me longe do ódio. Tenho conseguido. Inspira-me. Ensina-me. Ilumina-me, tu, que repousas sob a terra que pisam os meus indignos pés. Devolve-me à infância que me resgata do mundo. Toca-me o rosto que teima em ser forte. Ensina-me a estar pronta para o Outro Lado. Todos os dias.
Espero que te encontres num lugar de paz, avozinha. Obrigada por me ensinares, ainda, o despojamento de mim, de mundo, de pressas. Fiz-te esta promessa: tenho tentado manter-me longe do ódio. Tenho conseguido. Inspira-me. Ensina-me. Ilumina-me, tu, que repousas sob a terra que pisam os meus indignos pés. Devolve-me à infância que me resgata do mundo. Toca-me o rosto que teima em ser forte. Ensina-me a estar pronta para o Outro Lado. Todos os dias.